Para que você tenha uma ideia de como fazer isso, compartilho aqui um pouco sobre o projeto ÍCONE Duke - UFPA que começou em 2012 e já está na sua 3a edição.
O projeto nasceu de uma ideia da professora Magda Silva, diretora do programa de português da Duke University nos Estados Unidos e da professora Cintia Costa (eu, a autora deste blog, :-) ), professora de inglês da Universidade Federal do Pará. Pensamos em maneiras de ajudar nossos alunos a interagir nas duas línguas, falando sobre assuntos diversos (Amazônia, Estados Unidos, política, estudos, economia, relacionamento, interesses pessoais e outros) usando o Skype como ferramenta de comunicação.
Começamos com receio e preocupações, mas não deixamos o medo se tornar um obstáculo porque tínhamos planos B e C caso houvesse algum problema técnico durante as sessões. Iniciamos o projeto com uma videoconferência entre nossas turmas (você pode ler mais detalhes sobre as primeiras sessões pesquisando sobre o projeto ÍCONE aqui mesmo no blog) e depois de algumas vezes assim, decidimos realizar as sessões "um - a - um". Certas vezes tínhamos um número diferente de alunos e alguns alunos tinham que esperar um pouco para participar das sessões. Mesmo com pequenos problemas, os alunos sempre se mostravam muito satisfeitos e felizes com as interações. Mesmo com níveis básicos de língua, percebemos que eles eram capazes de se comunicar e aprender muito.
Além das videoconferências, tivemos a oportunidade de ter dois encontros presenciais na beira do rio Guamá quando a Professora Magda trouxe grupos de alunos da Duke para nossa cidade durante 2 semanas com o Programa chamado Duke in Brazil. Esses encontros foram muito bons porque os alunos tiveram mais chances de conversar usando as duas línguas: inglês e português. Você também pode ler detalhes e ver fotos desses encontros aqui mesmo no blog.
Com a minha mudança para o Canadá, o projeto ÍCONE passou por algumas mudanças em Belém e agora está baseado no projeto BA3* (Base de Apoio à Aprendizagem Autônoma) coordenado pela Professora Walkyria Magno e Silva. Para o ÍCONE, ela conta com a subcoordenação de dois graduandos de Letras - inglês Eduardo Castro e Ivo Matos, que nos contam um pouco sobre suas experiências com o ÍCONE.
Tanto Eduardo quanto o Ivo participaram da primeira edição do ÍCONE e participaram de vários encontros da segunda edição também.
Eduardo nos conta que: "O que me chama a atenção neste projeto é a sua autoconstrução ao longo do
tempo. Ele atingiu o que é hoje de acordo com as necessidades dos alunos em querer ter alguém
para falar sobre sua região."
Ivo nos diz que: "O Ícone foi de extrema importância na minha formação acadêmica. Participando das interações eu pude ampliar minha visão sobre a vida e cultura dos Estados Unidos. Também conheci pessoas maravilhosas que estavam interessadas em aprender sobre minha língua e vida cultural. O que me motiva a estar participando do projeto é a oportunidade de ajudar outros alunos a terem a mesma experiência que eu tive. Também acho que ideias como essa precisam continuar na academia."
Eduardo nos conta que: "O Projeto Ícone Duke-UFPA teve grande impacto na minha formação como aluno, cidadão e professor. Acredito que ele é extremamente importante para outros alunos, uma vez que ele oferece intercâmbio linguístico e cultural virtual. O que me motiva a ser voluntário neste projeto é poder continuar oferecendo um meio para que outros alunos pratiquem inglês em sua forma real."
Ivo compartilha suas expectativas e anseios: "Eu espero que o projeto proporcione aos participantes muitos conhecimento referente não só à cultura estadunidense, mas também à brasileira. Aprendi a valorizar mais a minhas raízes participando do Ícone."
Eduardo acredita que outros professores possam desenvolver projetos similares: "O Projeto Ícone Duke-UFPA tem sido um sucesso devido à forma motivadora que ele tem agido na formação dos integrantes tanto brasileiros quanto americanos. Outros professores poderiam inserir em suas aulas projeto similar, adequando-o a sua realidade. Por exemplo, caso não seja possível trabalhar one-to-one, tentar fazer o intercâmbio em grupo."
Em relação ao uso de projetos assim na educação, Ivo acredita que: "Acredito que outros professores podem sim fazer projetos similares contanto que disponham do equipamento necessário. A minha sugestão seria que os alunos fossem expostos ao máximo de nacionalidades e culturas diferentes para desenvolver tanto a capacidades de compreensão da língua quanto a visão de mundo."
Compartilho com você algumas fotos gentilmente cedidas por Eduardo e Ivo da sessão de ontem:
Fico imensamente feliz com a continuação desse projeto porque tenho certeza que os alunos aprendem muito ao compartilhar sua própria cultura, região e raízes, além de ajudá-los a se tornarem cidadãos capazes de transformar o contexto em que estão inseridos como se nota nas falas de Eduardo e Ivo. Ou seja, percebemos que esse projeto envolve muito mais do que apenas a prática de línguas, ele proporciona troca de experiências, reflexões e análise de temas muito significativos para a construção de uma sociedade mais crítica.
Vida longa ao projeto e desejo que mais educadores proporcionem interações significativas para seus alunos!
Até breve!
* PS: Para saber mais detalhes sobre a BA3, clique aqui: http://www.ilc.libradesign.com.br/institucional/detalhe/ID/000277